sexta-feira, 1 de outubro de 2010


OS DOIS LADOS DE UMA MOEDA

Prescila Alves Pereira

Justa medida. Fatos balanceados. A justiça de Salomão. Esses são termos que geralmente ouvimos no meio judiciário. Mas, e na vida. Nos acontecimentos do dia a dia, será que utilizamos esses termos para julgar um fato? Infelizmente a história mostra que não. Para fundamentar essa afirmação vou relatar um caso que presenciei recentemente: um jovem rapaz tinha uma amizade com uma jovem mulher. Esse rapaz gostava de contar pra essa mulher coisas de sua vida pessoal, fatos esses que ele não contava pra mais ninguém. Certo dia, alguém contou pra namorada desse rapaz que ele estava saindo com outra mulher além da namorada. O jovem rapaz, ao encontrar sua amiga confidente, já foi lhe acusando sem ao menos dar-lhe a chance de dizer se tinha sido ela ou não que havia contado para a namorada. Esse rapaz, humilhou essa mulher, dizendo palavras horríveis que a magoaram profundamente. Ela tentou dizer a ele que tinha prova real, material e palpável de que no dia que a namorada soube ela não se encontrava na cidade. E ainda, que onde ela estava não havia como realizar um telefonema. Mas, o jovem rapaz, sequer quis ouvir o que a amiga que tanto o prezava tinha pra dizer. Passaram meses e a jovem mulher muitas vezes chorava pela injustiça que o amigo havia cometido contra ela. Mas o tempo tem solução para tudo. Com o tempo, ele descobriu que a amiga não tinha nada a ver com aquela história sórdida. No entanto, a linda amizade que havia entre eles já tinha sido arranhada pelo ato de injustiça.
Quantas vezes em nossa vida julgamos as pessoas sem antes conhecer os dois lados da mesma moeda? Muitas. Nos esquecemos, que ao agirmos dessa forma, impedimos a pessoa acusada, seja lá do que for, de exercer a ampla defesa que trás nossa Constituição Federal como direito de todo cidadão. Quantas pessoas de nossos círculos de amizade sofrem injustiças por nossos atos egoístas e maldosos. Quantas pessoas choram lágrimas de dor porque foram acusadas de forma injusta e sequer tiveram a chance de justificar seus atos, ou ainda, provar que não praticaram tais atos. Em nossos relacionamentos, sejam de que natureza for, agimos como Juízes que julgam, condenam e jogam a chave fora sem dar voz de defesa para as pessoas mais preciosas de nossas vidas.
Um criminoso, por mais medonho que seja o crime que tenha cometido, tem o direito de defesa. No entanto, com pessoas queridas de nossa convivência, muitas vezes não agimos com a justa medida. Não olhamos o verso da moeda para conhecer o conteúdo contido lá. É uma pena, porque ao agirmos dessa forma, arranhamos amizades valiosas, destruímos a auto-estima de pessoas queridas, perdemos vínculos valorosos. Toda moeda possui dois lados, toda história possui duas versões e é impossível julgar com justiça sem conhecer os dois lados, as duas versões. Pense nisso!