quinta-feira, 4 de setembro de 2014

A ARTE DE DIZIMAR

Prescila Alves Pereira

            Digo arte, porque de acordo com a Bíblia, considerado esta palavra de Deus, precisamente em 2 Coríntios 9:7, está escrito:

“Cada um dê conforme determinou em seu coração, não com pesar ou obrigação, pois Deus ama quem dá com alegria.”

            Dar com alegria é o mandamento, é arte de contribuir com o crescimento da obra de Deus. Assim sendo, devemos dar o dízimo pela forma que sentimos em nosso coração, porque Deus abençoa quem dá com alegria. Devemos dar 10%, mas a forma que entregamos, se em envelope com dados, ou envelope em branco, isso não importa. Se lermos a Bíblia toda, desde o velho testamento ao novo testamento, sempre haverá menção de que devemos ser dizimistas, ofertantes, colaboradores com o crescer da obra de Deus na Terra. No entanto, em todas principais passagens que falam sobre dízimos (Gênesis 14:10; Levítico 27:30-32; Números 18:21; Deuteronômio 14:22; Lucas 6:38; 2 Coríntios 9:7; 1 Corìntios 9:13-14; Malaquias 3:8; Malaquias 3:10; Mateus 23:23; Provérbios 3:9; Salmos 24:1; etc), em nenhuma delas diz: entreguem o dízimo em um envelope de cor amarela, citando nome, valor, mês. Isso é norma humana e não norma divina. Se é norma humana, não há condenação por parte de Deus, uma vez que apenas Deus tem o poder para julgar e condenar ou perdoar e libertar.
            Se analisarmos a passagem de 2 Coríntios 9:7, acima citada, vemos claramente que o mandamento de Deus é dar conforme sentimos em nosso coração, para que a doação seja feita com alegria e seja fonte de benção para a vida de quem doou e para a vida de quem recebe. Sim, de quem recebe, porque Deus não precisa de dinheiro algum para abençoar a vida de quem quer que seja. Os dízimos são para custear a obra de Deus. Esse é o objetivo das doações feitas a uma igreja.
            Ocorre que, o homem, em sua ignorância e arrogância, sustentado pelo poder que acredita possuir, cria normas e corrompe o que a Bíblia ensina. Essa falta de sabedoria faz com que muitas pessoas de nível intelectual mais avançado se afastem das igrejas. Senão vejamos: conversando com um médico empresário, perguntei a ele o motivo pelo qual havia saído de determinada igreja. Ele respondeu:
            - Eu sempre fui dizimista. No entanto, por eu ser um médico empresário, todos os dias recebo valores de meu trabalho como médico. No domingo, entregava o dízimos do que havia recebido durante a semana. O envelope tem apenas um espaço pequeno e não havia como colocar o dizimo de quatro semanas. Eu até tentei, colocando ao final do mês o valor total que havia entregue. No entanto, a pessoa que pegava o envelope, contava o valor da última semana, riscava o valor total que eu havia entregue e escrevia o valor daquele domingo. Com isso, o valor de meu dízimo estava sempre errado. Isso me irritava. Assim sendo, passei a entregar em um envelope em branco, uma vez que Deus que conhece todas as coisas, sabe o quanto dou, se dou meu dízimo ou não.
            - Entendo, porque essa mesma história eu ouvi também de um fazendeiro e eu mesma passei por isso – respondi a ele.
            Com base nisso, podemos concluir que em uma igreja freqüentada por empresários, profissionais autônomos, pessoas que não tem um dia específico para receber seu salário, por não serem assalariados, não tem como entregar seu dízimo em envelopes assinalados. Exigir isso, é falta de visão empreendedora. Exigir isso, é falta de unção do Espírito Santo e sabedoria para compreender o verdadeiro significado de dizimar. Exigir isso é omitir a misericórdia e a justiça. Em Mateus 23:23 diz:

“Ai de vocês, mestres da lei e fariseus, hipócritas! Vocês dão o dízimo da hortelã, do endro e do cominho, mas têm negligenciado os preceitos mais importantes da lei: a justiça, a misericórdia e a fidelidade. Vocês devem praticar estas coisas, sem omitir aquelas.”

            Se analisarmos o significado de misericórdia no dicionário, encontramos compaixão como sentida principal da palavra.

"Ter compaixão, significa ter capacidade de sentir aquilo que a outra pessoa sente, aproximar seus sentimentos dos sentimentos de alguém, ser solidário com as pessoas.”

            De acordo com Mateus 22:39, o segundo maior mandamento da Bíblia é amar ao próximo como a si mesmo, sendo o primeiro amar a Deus sobre todas as coisas. Será que a pessoa que não é capaz de ter compaixão é capaz de amar ao próximo como a si mesmo? Amaria a Deus sobre todas as coisas aquele que não tem compaixão? De acordo com a Bíblia, aquele que não é capaz de amar ao próximo a quem vê, não é capaz de amar a Deus a quem não vê. Em I João 4:20 diz:

“Se alguém disser: Amo a Deus, mas odeia a seu irmão, é mentiroso. Porque aquele que não ama a seu irmão, a quem vê, é incapaz de amar a Deus, a quem não vê.”

            Pelo que está escrito na Bíblia, podemos concluir que a pessoa que não tem compaixão, não tem amor. Conclui-se que a pessoa sem compaixão é pessoa que não ama ao próximo. Logo, se não ama ao próximo, não ama a Deus. Não sou eu quem diz isso, mas a Bíblia.
            Se analisarmos o psicológico do ser humano, concluímos que é extremamente complexo mas capaz de compreensão em atitudes muitos simples. Por exemplo: a pessoa que ganha pouco sente vergonha que os outros saibam o quanto ganha. A pessoa que ganha muito, não se sente a vontade de divulgar o quanto ganha para outras pessoas. Compreender isso é ato de compaixão, é colocar-se no lugar do outro. Um líder espiritual tem o dever de ser capaz de colocar-se no lugar do outro e ao menos tentar entender o que o outro sente. O contrário disso, é hipocrisia.