domingo, 15 de dezembro de 2013

QUEM DECIDE: VOCÊ OU O DESTINO?

Prescila Alves Pereira

         
          No curso de Direito, quando ouvi a teoria, a meu ver simplista de Sartre e a de Rousseau de “que o homem nasce bom e que é a sociedade que o corrompe”, fiquei um tanto chocada. Em virtude desse choque, comecei a ler a teoria de muitos pensadores que defendem teses diversas. Aprendi muito, mas percebi que quando se trata do estudo do pensamento sobre o pensamento humano, nenhuma teoria é conclusiva, tamanha a complexidade desse tema.
          No entanto, uma coisa é certa,  o destino é responsável sim por muitas coisas que acontecem em nossas vidas. Estou mais para acreditar no que defende Augusto Cury de “que o homem nasce neutro, mas com grande potencial para ser generoso ou agressivo,  e o que mais o influencia ou corrompe são as armadilhas mentais não trabalhadas que estão na base da confecção das suas reações e de seus pensamentos.”
          Com base na experiência de vida e na citação acima, percebo que se o ser humano não souber administrar seus próprios pensamentos, pode, de acordo com as experiências vividas se tornar mal ou bom. Todo ser humano passa por experiências múltiplas ao decorrer da vida. Uns tem mais percas que ganhos, mais fracassos que vitórias, apesar de todas tentativas. Outros, mesmo sem buscar muito por êxito, obtêm muito da vida. Por exemplo, outro dia no supermercado, meu esposo conversava com um homem que se formou em contábeis junto com ele. Esse homem contou que estava trabalhando de balconista e ganhava oitocentos reais por mês, apesar de ter pós graduação em auditoria e ter tentado muitas vezes obter trabalho na área para a qual havia se formado. Disse o homem ao meu esposo: você nem tem pós graduação e é sócio do terceiro maior escritório de Campo Mourão e nem procurou por isso, simplesmente aconteceu. Fiquei pensando naquela conversa que apenas ouvi.

          Realmente, de forma simples e nada técnica dos grandes pensadores, temos a possibilidade de decidir sobre muitas coisas em nossas vidas, mas não em todas. As vezes buscamos, lutamos para conseguir algo e vem a vida e nos dá outra coisa bem diferente do que buscamos. O EU não tem o total poder de decisão, uma vez que nosso consciente é bombardeado constantemente pelas nossas memórias inconscientes e a partir dessas, se não soubermos administrar, nos tornamos bons ou maus, vitoriosos ou fracassados. O ser humano nasce com tendência a bondade e a maldade, mas é no decorrer da vida que ele decide que caminho seguir.  Nasce neutro, mas possui os dois lados da moeda: bondade e maldade. Com base nisso, podemos concluir que há coisas na vida que você decide e outras que o destino decide por você.  Uma coisa é certa: enquanto houver seres humanos pensantes a teoria da existência estará inacabada.

quinta-feira, 12 de dezembro de 2013

AMAR SEM SER AMADO

Não existe dor tão grande quanto a dor de ouvir a pessoa que você ama dizendo amar outra pessoa. As lágrimas correm pela face sem que você consiga interferir e se consegue fingir que está tudo bem, as lágrimas continuam correndo na alma até que você possa estar só e chorar até desmaiar de tanta dor. Uma dor para qual não existe remédio. A vontade que se tem é de deitar e dormir por toda eternidade e nunca mais acordar para ter que enfrentar a difícil realidade. Amar alguém e não ser correspondido é viver eternamente no inferno, porque o sentimento queima dia e noite no peito e não há nada que se possa fazer para aliviar a dor. Com o tempo, a alma vai secando, o coração amargando com o fel da solidão que se bebe todas as manhãs ao acordar e ver que a pessoa amada não esta ali junto de você. A dor de amar e não ser amado é dor para a qual não há explicação, porque cada um reage conforme a sensibilidade que se tem. Como explicar um dor que tira de nossas veias toda energia? Uma dor que arranca do peito toda vontade de continuar lutando e sonhando? Como explicar uma dor, que apesar de todas as lágrimas derramadas por anos a fio, ainda assim continua doendo? E depois de chorar até não possuir mais fôlego, vem a loucura de achar que Deus nem sempre é justo, ou do contrário, por que colocaria tanto amor em um e não no outro? Amar alguém e não ser correspondido é ato de masoquista, porque se suspira sozinho, se sonha sozinho, faz planos com base em esperanças infundadas.
Amar e não ser amado é viver uma eterna solidão mesmo estando acompanhado por milhares de pessoa. O amor é coisa tão incrível, que mesmo sabendo que a outra pessoa não te ama, você ainda pensa nessa pessoa antes de dormir e é o primeiro pensamento quando se acorda. Amar e saber que nunca será correspondido e apesar de já ter tentado esquecer de todas as formas, não ter tido êxito, faz com que se perca a esperança de tudo e todas as coisas.
Amar e não ser amado é carregar pela vida um corpo sem vida. É saborear todos os dias o amargo fel da solidão. É nunca saber o sabor de sentir o amor de quem se ama. O desafortúnio de amar e não ser correspondido é o pior azar na vida de quem ama e não é amado, porque é o amor que dá forçar para lutar, é o amor que faz você sonhar e ousar lutar pelos sonhos, é o amor que coloca brilho nos olhos, é o ser amado que faz você sentir que vale a pena viver.
Viver amando e nunca sendo correspondido é passar pela vida sem ter vivido a vida. 
Amar e não ser amado é fel na vida, é solidão na companhia, é dor sem remédio, é sonho sem esperança, é padecer sem apoio. 
Amar sem ser amado é ser semente sem chance de germinar e desabrochar. É fogo apagado por chuva, é chama sem esperança, é corpo sem vida, porque o amor é o combustível da vida e o ser correspondido o único motivo para fazer sorrir e verdadeiramente ser feliz.

segunda-feira, 9 de dezembro de 2013

O CAPITAL INTELECTUAL AGREGANDO VALOR AO ATIVO DAS ORGANIZAÇÕES

PRESCILA ALVES PEREIRA FRANCIOLI[1]                                                    ANDRÉIA MILESKI ZULIANI[2]

        RESUMO:


O conhecimento é tema ancestral nos meios acadêmicos e apesar de ser de fundamental importância para o funcionamento de uma organização empresária, ele não era, até bem pouco tempo, mencionado como fator que agrega valor ao ativo de uma empresa. O objetivo do presente artigo é esclarecer que elementos compõem o capital intelectual, como esse conhecimento é adquirido e de que forma ele agrega valor ao ativo de uma empresa. Para tal, utilizou-se pesquisa bibliográfica, bem como levantamento de dados através de questionário. Com o levantamento de dados, pode se observar e concluir que o conhecimento, seja ele científico ou técnico, agrega valor ao ativo de uma empresa e aumenta a competitividade da mesma no mercado econômico.

PALAVRAS CHAVE: capital intelectual; competitividade; conhecimento; valor.

             1 INTRODUÇÃO

 Sendo o capital intelectual uma fonte de riqueza, antiga, mas novo como objeto de estudo e percepção pela sociedade, indaga se o empresário possui consciência que o conhecimento possuído por seus trabalhadores pode agregar  valor ao ativo da empresa e de que forma isso pode ocorrer.
Por certo, acredita-se que a sociedade empresária não possui consciência desse valor agregado à estrutura de sua empresa. Com base nessa crença, pretende-se através desse  projeto, mostrar ao empresário o conceito de capital intelectual e qual sua importância, como ativo que agrega valor aumentando a competitividade de uma organização empresária dentro do mercado econômico.
Para tal, escolheu-se uma empresa pequena, que trabalha com treinamento e consultoria na área de gestão empresarial. A escolha dessa empresa como recorte empírico de pesquisa justifica-se por ser uma empresa que necessita de pessoas com conhecimento técnico específico, como diferencial de competitividade. A amostra se limitará em dois empresários e oito funcionários. De acordo com Gil  (1991, p. 79) “[...] a análise de uma unidade de determinado universo possibilita a compreensão da generalidade.”
Hoje, o ativo mais importante de uma empresa é o capital intelectual. No entanto, ainda não se chegou a um consenso de como administrar esse capital na forma sociológica, legal, contábil, entre outros. Estudiosos das áreas têm buscado uma solução eficiente, para demonstrar esse valor abstrato de forma material. Mas, será que o pequeno empresariado possui consciência desse valor agregado ao seu ativo? Se o conhecimento agrega valor ao ativo da empresa, importante é que o empresário tome consciência desse fato, podendo usá-lo a favor de si mesmo em suas negociações. 


            2  CAPITAL INTELECTUAL


            2.1 CAPITAL INTELECTUAL COMO CAPITAL ESTRUTURAL

Para Pacheco (2005, p. 70), “a inteligência humana e os recursos intelectuais constituem presentemente os ativos mais valiosos da estrutura de qualquer empresa”.
Pacheco entende que as organizações empresariais ainda não contam com um meio eficaz de mensurar, administrar dentro das normas trabalhistas, conduzir sociologicamente falando e contabilizar esse valor tão significativo e que traz muitos benefícios às mesmas (Pacheco, 2005, pg.76).
Devido a esse dilema, o capital intelectual tornou-se um dos temas mais debatidos dentro das ciências que estudam a gestão empresarial, a saber: Contabilidade, Administração, Direito e Sociologia (Pacheco, 2005, pg.29).
O primeiro desafio é descobrir uma forma de identificar esse capital, porque não é fácil identificar de imediato esse valor, por ser valor intangível, implícito em cada indivíduo da organização. No entendimento de Antunes (1999, p. 2), na visão dos economistas “o ser humano é considerado capital por possuir capacidade de gerar bens e serviço, por meio do emprego de sua força de trabalho e do conhecimento, constituindo-se em importante fonte de cumulação”. Nesse diapasão, se o ser humano é capital, as demonstrações contábeis estão sendo inverídicas, pois esse capital não tem sido demonstrado nas mesmas. Devido a essa constatação, algumas correntes têm discutido o presente tema, defendendo que:

[...] as pessoas passam uma crescente parcela de suas vidas em processo de formação e treinamento; cada vez mais produtos e serviços vêm agregados de conhecimento científico e tecnológico; empresas tem se tornado mais dependentes de competência de diversos tipos e sempre baseadas em conhecimento, investimentos têm sido direcionados para descobertas de intangíveis capitalizáveis, e assim por diante (PACHECO, 2005, p.30).

Assim sendo, o conhecimento do ser humano pode e deve fazer parte do capital estrutural de uma empresa. O capital humano não pertence à empresa, o que pertence é o capital estrutural, ou seja, o conhecimento do indivíduo passa a fazer parte da estrutura assim que é utilizado para a produção dessa empresa, agregando valor ao ativo da mesma.
Na visão de Almeida (2008, p. 27), se a mensuração do conhecimento é um direito do ser humano, obviamente as leis trabalhistas precisam ser consultadas, trabalhadas, com base no princípio da proteção ou princípio tutelar.  Afinal, a partir do momento em que o conhecimento passa a ser um capital estrutural dentro da empresa, esse conhecimento será avaliado de forma diferente. Com isso, a norma mais favorável deverá preponderar na hora de estabelecer os direitos do trabalhador.
Tudo pode ser transformado em mercadoria, até mesmo o trabalho que é comprado e vendido como uma mercadoria, por que não o intelecto individual? Pode se trabalhar a conscientização e orientar os empresários e trabalhadores com referência ao Capital Intelectual,  implantando assim uma nova ideologia na gestão empresarial (Karl Marx,2009, p.02).  
Gracioli, Martins, Malhota, Marconi, Marx, Pacheco que já escreveram sobre capital intelectual concordam que os principais elementos que compõem o capital intelectual são: capital humano, capital estrutural e capital de clientes. O capital humano é composto pelo conhecimento e habilidades dos colaboradores de uma organização, o estrutural por tudo que compõe a estrutura da empresa e de clientes tudo que está relacionado a obter e manter os clientes de uma empresa e para

uma gestão eficaz do capital intelectual, torna-se fundamental não somente sua identificação e estruturação, mas também sua mensuração, procurando identificar mais objetivamente a relação entre o capital intelectual com a performance da organização. (GRACIOLI, 2005, p. 63).

A performance de uma empresa está diretamente ligada ao capital intelectual que a mesma possui, ao conhecimento de seus colaboradores, aumentando ou diminuindo sua competitividade no mercado.

             2.2 ALGUNS ELEMENTOS DO CAPITAL INTELECTUAL

Afirmar que o capital intelectual é o conhecimento é uma atitude simplista demais, uma vez que o conhecimento é um tema ancestral e extremamente amplo em suas várias formas de ser. A novidade está no reconhecimento de que esse adjetivo agrega valor ao ativo de uma empresa, tornando-a mais competitiva. De nada adianta uma empresa investir em tecnologia se não houver pessoas capacitadas para operar essas máquinas tecnologicamente avançadas. A ciência depende do conhecimento do homem para poder evoluir e está comprovado na história da humanidade. O conhecimento é algo que não pode ser taxativo, uma vez que existem várias formas de conhecimento. Assim sendo, o capital intelectual, sendo conceituado como conhecimento, necessário é enumerar ao menos alguns elementos que o compõem. Graciolli, na tabela abaixo, enumera alguns desses elementos:

                           CAPITAL INTELECTUAL
Capital humano
Capital estrutural
Capital de clientes
Liderança
Investimentos em novos métodos
Aumento de negócios
Eficiência e eficácia
Investimentos em tecnologia
Conquista de novos clientes
Participação
Tempo no mercado
Clientes satisfeitos
Criatividade
Implementação de sugestões
Crescimento das vendas
Iniciativa
Lançamento de produtos
Reputação da empresa
Experiência
Rápida entrega de produtos
Conhecimento da marca no mercado
Escolaridade
Redução de desperdícios
Parceria entre clientes e fornecedores
Retenção
Diminuição de reclamação clientes
Identificação das necessidades dos clientes
Treinamento
Redução de defeitos
Repetição de pedidos
Trabalho em equipe
Investimento em pesquisa
Reconhecimento do esforço dos funcionários
Competência
Novas idéias

Comprometimento
Automação

Confiança
Sistema de informação

Pró-atividade
Filosofia

Inovação
Incentivadora e participativa

Conhecimento
Despesas Administrativa

Hbilidade
Comunicação

Clima


Organizacional

Motivação

Rotatividade

Fonte: GRACIOLLI, 2005, p.62


Pela observação da tabela acima, pode se observar que o capital intelectual, ou humano, não se restringe ao conhecimento adquirido em um banco escolar, mas também na experiência obtida ao longo da vida, a atitudes que fazem parte do perfil da pessoa, como a iniciativa, a motivação, o trabalho em equipe. Com base nisso, conclui-se que há capital intelectual que adquirimos buscando por ele, de forma científica ou através de experiências e há outros que nascemos com ele na personalidade. Pela tabela, fica visível que o capital humano faz parte do capital estrutural da empresa e serve de elo para aumentar o capital de clientes. Todo o conhecimento, seja científico ou técnico/empírico  agrega valor e aumenta a reputação e a competitividade de uma organização empresária no mercado.

            2.3 O CONHECIMENTO COMO VANTAGEM COMPETITIVA

Martins (2004) aponta algumas vantagens da mensuração do capital intelectual como:

aumento no potencial informativo da Contabilidade; redimensionamento patrimonial da empresa (clareza e adequação); canalização correta dos recursos para investimentos em capital humano e capital estrutural; facilitar a escolha do investidor; determinar de que maneira uma melhor gestão do conhecimento ajudará a empresa a ganhar ou a economizar dinheiro e ainda, evitar danos e injustiças que uma avaliação patrimonial incorreta traz, gerando lucros ou prejuízos indevidos. (Martins, 2004 apud GRACIOLI, 2005, p. 45).

Com base na citação acima é possível  afirmar que a empresa que tem conhecimento de seu capital intelectual é uma empresa com maior competitividade dentro do mercado.
Conforme Gracioli (2005, p. 47-56), “até o presente momento tem-se conhecimento de onze métodos desenvolvidos para mensurar o Capital intelectual”. O método Technology Broker  desenvolvido por Annie Brooking, o qual utilizamos para o estudo de caso desse artigo, consiste na aplicação de um questionário dentro da empresa, através do qual busca obter informações do conhecimento dos colaboradores contidos dentro da empresa e com tais informações pode se quantificar o capital intelectual por meio de formulações Brooking(1996 apud Gracioli, 2005, p. 51). A aplicação de um questionário permite que o empresário tenha conhecimento de dados que não se fazem visíveis nos balancetes da empresa e, muitas vezes, nem mesmo através do convívio do dia a dia. Com essas informações, o empresário pode trocar funcionários de setores, fazendo com que habilidades melhor aproveitadas e consequentemente aumentada a competitividade da empresa dentro do mercado.    Da análise dos onze métodos, percebe-se que nenhum deles conseguiu estabelecer uma estrutura, uma atribuição de valor que pudesse ser representada em um balancete. No entanto, Gracioli, Martins, Malhota, Marconi, Marx, Pacheco são unânimes em afirmar que o capital intelectual agrega valor à estrutura da empresa, bem como aumenta a competitividade. No entendimento de Gracioli (2005, p. 57), “a definição dos índices de capital intelectual deve ser feita caso a caso, de acordo com a empresa, sua estratégia e suas particularidades.”  Nesse sentido, através da aplicação do questionário, método escolhido para essa pesquisa, que está demonstrado no item 3, na empresa caracterizada no item 4,  conclui-se que para cada tipo de negócio se faz necessário atribuir um índice de valor para o conhecimento de cada indivíduo.  Afinal, cada tipo de conhecimento, seja ele técnico ou científico possui o seu próprio valor e não há como fixar apenas um valor para os muitos conhecimentos que existem. O que gera a vantagem competitiva, é a soma do conhecimento de todos os colaboradores, uma vez que o conhecimento agrega valor ao ativo de uma organização empresarial.

              3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

 A presente pesquisa quanto aos procedimentos de coleta caracteriza-se por estudo de caso na qual:


o delineamento se fundamenta na idéia de que a análise de uma unidade de determinado universo possibilita a compreensão da generalidade do mesmo ou, pelo menos, o estabelecimento de bases para uma investigação posterior, mais sistemática e precisa (GIL, 1991, p. 79).


Assim sendo, a presente pesquisa buscou estudar uma parte, objetivando compreender o todo para aumentar a competitividade de empresas que trabalham com a capacitação e consultoria na área de gestão empresarial.Para tanto, este estudo de caso foi realizado em uma empresa com ramo de atividade na área de capacitação e consultoria em gestão empresarial. Portanto, uma análise de caso é:

Uma pesquisa empírica que investiga um fenômeno contemporâneo no seu contexto real, quando as fronteiras entre o fenômeno e o contexto não se encontram nitidamente definidas e em que diversas fontes de informação são utilizadas (YIN, 1989, p. 23).


Quanto aos objetivos, este estudo é exploratório, pois visa investigar, buscando através de questionamentos estimular a compreensão da importância do capital intelectual dentro de uma organização empresária, como ferramenta de competitividade no mercado econômico. As pesquisas exploratórias, segundo Gil (1999, p. 43), buscam proporcionar uma visão geral de um determinado fato, do tipo aproximativo. Assim sendo, a presente pesquisa, busca compreender a visão geral da importância do capital intelectual como estratégia de competitividade e aproximação de futuros clientes em potencial.   Com relação às fontes de informação utilizou-se também a pesquisa bibliográfica, que permite ao pesquisador ter um contato direto com o que já foi estudado sobre o tema, uma vez que este tipo de busca compreende “toda bibliografia já tornada pública em relação ao tema de estudo, publicações em jornais, revistas, livros, pesquisas, monografias, teses, entre outros” (Malhota 2004 apud GRACIOLI, 2005, p. 59). No entendimento de Lakatos:

a pesquisa bibliográfica permite compreender que, se de um lado a resolução de um problema pode ser obtida através dela, por outro, tanto a pesquisa de laboratório quanto à de campo (documentação direta) exigem, como premissa, o levantamento do estudo da questão que se propõe a analisar e solucionar. A pesquisa bibliográfica pode, portanto, ser considerada também como o primeiro passo de toda pesquisa científica (LAKATOS,1992, p. 44)


A pesquisa bibliográfica fundamenta os problemas levantados na pesquisa científica e proporciona meios para a busca de solução desses problemas e, maior aprofundamento em trabalhos posteriores.
E quanto à natureza dos dados, a pesquisa é quantitativa e qualitativa. É quantitativa porque busca a pesquisa de opinião através de um questionário aplicado às pessoas da empresa caracterizada.
Já, a pesquisa qualitativa, na visão de Kirk e Miller (1986),  compromete-se com o trabalho de campo e não com levantamentos numéricos, a compreender uma realidade empírica que se coloca diante do pesquisador, a saber:

Suas diversas expressões incluem a indução analítica, a análise de conteúdo, semiótica, hermenêutica, entrevista com a elite, o estudo de histórias de vida, e certas manipulações utilizando arquivos, computador e manipulação estatística (KIRK & MILLER, 1986, p. 10).


O instrumento de pesquisa para o estudo de caso foi um questionário composto por 17 (dezessete) questões aplicado a uma amostra de 8 pessoas, com o objetivo de analisar o conhecimento de tais indivíduos em relação à importância do capital intelectual dentro de uma organização empresária, bem como ter uma noção se o conhecimento auxilia ou não na competitividade de uma empresa, com o intuito de obter uma noção de até onde há consciência do empresário e colaboradores sobre a importância desse ativo, o capital intelectual, e sua influência no desempenho de uma empresa, aumentando sua competitividade no mercado econômico. A escolha dessa empresa como recorte empírico de pesquisa justifica-se por ser uma organização que necessita de pessoas com conhecimento técnico e científico, como diferencial de competitividade.

4 CARACTERIZAÇÃO DA EMPRESA


A pesquisa foi realizada na empresa Consultoria e Capacitação Empresarial JP Ltda,  situada na  Av: Comendador Norberto Marcondes, 1393 – Centro – Campo Mourão/PR.  A empresa deu início às suas atividades no ano de 1999, no mês de julho, tendo como objetivo prestar serviços apenas na área contábil. Com o passar dos anos, foi havendo demanda em outros setores, como consultoria de viabilidade econômica de um negócio, gestão de negócio, workshop, oficinas e palestras nas mais diversas áreas de gestão empresarial, perícia contábil, entre outros serviços.
O foco principal da empresa são os empresários, desde o pequeno até o grande empresário. No entanto, são realizados vários atendimentos para pessoas físicas também, na área de orientação financeira, previdência social, imposto de renda pessoa física, cálculos trabalhistas.
Os principais concorrentes da empresa são os escritórios de contabilidade que muitas vezes oferecem um serviço com preço abaixo da tabela de mercado.
A estrutura organizacional conta com um quadro funcional de oito funcionários e dois sócios, tendo como fundadora uma mulher, que foi a primeira a fundar uma empresa desse gênero no município de Campo Mourão/PR. A equipe é constituída por profissionais em sua maioria com curso superior em Ciências Contábeis, bem como estudantes de graduação.

5 ANÁLISE DOS RESULTADOS E DISCUSSÃO

A coleta de informações na amostra serviu para ter uma idéia da consciência a respeito da importância do capital intelectual dentro de uma organização empresária, bem como do valor que cada tipo de conhecimento tem dentro de uma organização, seja ele técnico ou científico. Embora a amostra seja pequena, o tamanho da empresa para a coleta representa a maioria no Brasil, ou seja, empresas de pequeno porte. O uso do questionário é importante para apurar a opinião do grupo envolvido no que diz respeito ao problema levantado na pesquisa em questão. Nunes(1991, p.54) afirma que:

O caráter específico da produção de conhecimento [...] está relacionado a um dado que, embora não mensurável, guarda, em si, uma idéia de quantidade: a interpretação. Nunca chegamos ao fato bruto. Trabalhamos sempre com interpretações de interpretações de interpretações.

O conhecimento humano é uma questão que trabalha com interpretações de interpretações. Na aplicação do questionário, conforme mencionado no tópico 3, obteve-se os seguintes resultados:
Amostra de oito pessoas, sendo um do sexo feminino e sete masculino. Quanto à escolaridade, um com curso superior em Ciências Contábeis, Direito e Matemática e especialização em Gestão Empresarial, um com curso superior em Ciências Contábeis e seis com curso superior incompleto, sendo quatro em Ciências Contábeis e dois em Administração. Ao que se refere à idade, dois com vinte, um com vinte e três, um com vinte e quatro, um com vinte e cinco, um com vinte e oito, um com trinta e oito e um com quarenta e três anos. O tempo de serviço de dois é de quinze anos, de outros dois é de seis anos, de três é de quatro anos e de um é de seis meses.
Ao serem questionados se já haviam sido promovidos no trabalho, três responderam que haviam sido promovidos mais de uma vez, dois que haviam sido promovidos uma vez e três que não haviam sido promovidos nenhuma vez.
Questionados se a promoção havia trazido aumento ao salário, quatro responderam que haviam recebido trinta por cento de aumento no salário e um cinquenta por cento. Perguntou se a escolaridade havia contribuído de alguma forma para a promoção, três responderam que sim, o fato de terem se aperfeiçoado academicamente tinha contribuído para serem promovidos. Dois responderam que o que tinha contribuído mais para a promoção foi o fato de terem experiência no setor para o qual tinha sido promovido e que o conhecimento acadêmico ajudara, mas não tinha sido o fator determinante da promoção.
 Ao serem indagados se tinham conhecimento do que era capital intelectual, dois responderam que sabiam que o capital intelectual era o conhecimento científico de uma pessoa. Dois responderam que além do conhecimento científico, a experiência e a capacidade técnica também eram consideradas capital intelectual e quatro responderam que não faziam idéia do que seria capital intelectual. Ao que se refere à importância do capital intelectual como fator de aumento da competitividade dentro de uma organização empresária, dois afirmaram saber que o conhecimento científico teria como resultado um produto/serviço mais eficiente, mas que não tinham consciência de que outros fatores, como a iniciativa, a motivação pudessem aumentar a competitividade de uma empresa. Seis responderam saber que o conhecimento traria como resultado melhores salários, mas não imaginavam que ampliaria a competitividade da empresa no mercado econômico. Ao serem questionados se tinham consciência de que o capital intelectual fazia parte do capital estrutural da empresa, todos afirmaram não terem idéia do que seria isso.
Ao serem questionados se o conhecimento deles já havia colaborado com a resolução de problemas dentro da empresa, um colaborador afirmou que o conhecimento de cálculos através do programa excell tem auxiliado na montagem de planilhas tributárias e isso resultou em uma promoção e outro  revelou que seu conhecimento em oratória, marketing e vendas resultou em mais um segmento de atividades dentro da empresa, gerando lucro através de palestras e treinamentos. Dois dos entrevistados, que são os donos da empresa em questão, ao serem indagados se as mudanças sugeridas pelos colaboradores são implementadas, responderam que as sugestões são analisadas e percebendo que elas trazem benefícios para a empresa como um todo, as mesmas são implantadas. Os empresários sendo questionados se a empresa investe em capacitação técnica de seu pessoal, afirmaram que sim, a empresa procura investir em treinamento de acordo com a área em que o colaborador atua. Com essa afirmação, questionou se o investimento em treinamento trazia retorno financeiro para a empresa, ao que os empresários afirmaram que a partir do momento que passou a investir em treinamento e atualização, a clientela da empresa aumentou e consequentemente o lucro também teve aumento significativo.
Perguntou se algum cliente já havia solicitado o curriculum vitae do colaborador que ia desenvolver o trabalho, ao que os empresários responderam que sim, vários clientes já haviam solicitado o curriculum vitae do colaborador que ia desenvolver o trabalho que o cliente havia contratado e que já havia ocorrido de ter que trocar o colaborador por o cliente exigir uma capacitação técnica que o funcionário designado não possuía. Indagados se a capacitação técnica diminuiu as despesas com gastos administrativos, responderam que  com a capacitação técnica, as despesas com material  diminuiu, uma vez que o colaborador passou a ter maior consciência de seu papel como agente transformador dentro da organização. Questionados se os benefícios versus gastos com a capacitação são maiores ou menores, ao que responderam que os gastos com a capacitação é um investimento, uma vez que seu retorno é visível, tanto em termos de lucro financeiro, como em organização e eficácia, aumentando a competitividade da empresa.
Para concluir o questionamento, perguntou se depois  que passou a investir em conhecimento, que é capital intelectual, após um período de seis meses,  evidenciou-se que o conhecimento aumenta a competitividade da empresa, ao que foi respondido que antes de aceitar o desafio de investir em capacitação, acreditavam que pagar cursos era um gasto desnecessário e sem retorno. Feita a experiência por seis meses investindo em capacitação, percebeu-se que a clientela aumentou, os colaboradores passaram a trabalhar com maior segurança e profissionalismo, o retorno financeiro teve aumento significativo, numa média de setenta por cento.

CONCLUSÃO:

O presente artigo que buscou questionar a experiência de vida dos que responderam as questões, bem como a compreensão do tema em questão, verificou que possuem conhecimento mínimo do que seja capital intelectual e que importância o tema tem para a gestão de uma organização empresária.
Com a pequena amostra e questionamento realizado, concluiu-se que a clientela está cada vez mais exigente e investir em conhecimento é necessário e essencial para a sobrevivência de uma organização empresarial em um mercado cada vez mais competitivo, independente da área em que se atua. Observou-se, que o capital intelectual não se restringe ao conhecimento acadêmico, mas também ao conhecimento adquirido através das experiências ao longo da vida, bem como a comportamentos que fazem parte da própria personalidade de uma pessoa, como iniciativa, motivação, confiança, criatividade, facilidade em trabalhar em equipe. De acordo com os autores citados no decorrer do artigo, verificou-se que o conhecimento, apesar de ser um tema ancestral, só recentemente tem sido considerado e analisado como fator que aumenta a competitividade de uma empresa e conseqüentemente, agrega valor ao seu ativo. Verificou-se que os empresários, em sua maioria, não possuem consciência, de que investindo no fator conhecimento de seus colaboradores, aumenta a competitividade de sua empresa no mercado econômico e como conseqüência aumenta o lucro no final do mês.
Assim sendo, conclui-se que o conhecimento, seja ele científico, técnico, ou adquirido por meio da prática, é capital que agrega valor ao ativo das organizações empresárias e aumenta a competitividade no mercado econômico.


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KIRK, JEROME; MILLER, Marc L. , Reliability and Validity in Qualitative Research. Beverly Hills: Sage, 1986.

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MARX, Karl. O Capital. Crítica da Economia Política. O Processo de Produção do Capital. V. 1. São Paulo: Nova Cultura, 1996.

MOREIRA, Herivelto. As Perspectivas da Pesquisa Qualitativa para as Políticas Públicas em Educação. In: Revista Ensaio. Rio de Janeiro: Fundação Cesgranrio, nº 35, abril/junho de 2002.

NUNES, Clarice. A Pesquisa como Práxis. Rio de Janeiro: PUC-Rio. Cadernos de Educação, nº 2, novembro de 1991.

PACHECO JUNIOR, Waldemar; PEREIRA, Vera Lúcia Duarte do Valle; PEREIRA FILHO, Hyppólito do Valle. Pesquisa Científica sem tropeços. São Paulo: Atlas, 2007.

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YIN, Robert K. Case Study Research: Design and Methods. Newbury Park, CA, Sage Publications, 1989.



[1] Prescila Alves Pereira Francioli: bacharel em Ciências contábeis pela Faculdade de Ciências e Letras de Campo Mourão, bacharel em Direito pelo Centro Integrado de Ensino Superior de Campo Mourão. Licenciatura Plena em Matemática pela Universidade Tecnológica Federal do Paraná. Especialização  em Educação Matemática pela UTFPR. MBA em Gestão Empresarial pelo Cesumar. Autora do artigo científico " O Direito Ambiental na Sociedade de Risco" publicado pela Revista Discurso Jurídico da Universidade Integrado. Autora do livro "Retratos de Uma Vida" publicado pela Litteris e Bookess. Primeira mulher em 20 anos a presidir o SINCONCAM - Sindicato dos Contabilistas de Campo Mourão. Empresária na área de prestação de Serviços contábeis e consultoria em gestão empresarial.

[1] Andreia Mileski Zuliani: graduada em Administração pela UEM. Especialista em Administração Industrial pela UEL. Especialista em Gestão de Projetos pelo NEAD-CESUMAR, discente das pós-graduações em Docência no Ensino Superior e de Educação à Distância e Tecnologias Educacionais pelo CESUMAR. Experiência profissional na área comercial. Atualmente professora mediadora dos cursos de pós-graduação em MBA Gestão com Pessoas, MBA Gestão Empresarial e MBA em Gestão de Negócios e Empreendimentos Imobiliários.