Prescila Alves Pereira
Quando
eu era menina, o flerte funcionava mais ou menos assim: um rapaz se interessava
por uma moça, passava a freqüentar os lugares onde essa moça se fazia presente,
a abordava com uma conversa educada, passava dias conversando, se conhecendo,
pesquisando a possibilidade de um envolvimento e só então a pedia em namoro.
Via de regra, a moça aceitando o pedido de namoro, apresentava o moço a família
e passavam a namorar com o conhecimento da família. Atualmente, as coisas são
muito diferentes. Tão diferente, que penso estar em outro planeta que não o
terra. A Revista VEJA de 13 de fevereiro de 2013 trouxe uma matéria intitulada “Quer
transar comigo?” Antes, transar era algo guardado para o casamento. A moça era
ensinada a esperar o rapaz certo. Era ensinado que o sexo é algo que se faz com
amor. Hoje, o sexo é tema banalizado. A citada reportagem fala de um aplicativo
chamado de “Bang With”, onde o rapaz
ou a moça, envia a quem tiver interesse o convite “Quer transar comigo?”. Nos
dias atuais, ninguém precisa abordar de forma lenta alguém para conhecê-la,
pois é só dar um Google no nome da
pessoa e você terá muitas informações sobre a mesma. Hoje, se você aborda uma
pessoa e começa a questionar muito sobre essa pessoa, ela provavelmente irá se
irritar e dizer “dá um Google no meu
nome” e vai saber de tudo o que precisa sobre mim. Errado? Não, apenas
diferente.
A
doçura das mulheres diminuiu em muito. A gentileza dos homens também ficou
menor. O encanto do processo de conhecimento um do outro, quase não existe
mais. Com a objetividade, convidando para transar de forma tão clara, o flerte
para conseguir avançar o sinal acabou. Eu gostava de como era antes. O processo
anterior possuía magia, encanto. O processo atual é mecânico, racional, sem
sentimento, sem graça. O amor? Não sei onde ele foi parar com esse processo
atual, que prega que o transar não tem nada a ver com o sentir. “É sexo, é
apenas sexo. Somos amigos e às vezes transamos. É bom para ambos.
Compartilhamos uma necessidade física.” É o que se ouve hoje em dia. O
casamento? Até quando ele existirá? A família? Com o andar da carruagem, não
sei dizer se ela vai durar muito tempo. A história mudou e muito. O avanço
tecnológico nos deu acesso a pessoas do mundo todo. Tem coisas boas? Com
certeza que tem. Mas todo avanço possui dois caminhos. Não há como seguir pelos
dois. É preciso escolher um. A história demonstra que a humanidade tem
escolhido o caminho que corrompe os valores mais preciosos da sociedade. O
caminho que derruba valores ensinados por séculos. Um século novo? Sem dúvida.
Um século novo com valores distorcidos, corrompidos. Não julgo ninguém, mas não
aprovo o caminho que a história da humanidade escolheu percorrer, utilizando
para tal o avanço tecnológico. Que o decorrer da história nos mostre o
resultado.