quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

DÁ UM GOOGLE NO MEU NOME

Prescila Alves Pereira

Quando eu era menina, o flerte funcionava mais ou menos assim: um rapaz se interessava por uma moça, passava a freqüentar os lugares onde essa moça se fazia presente, a abordava com uma conversa educada, passava dias conversando, se conhecendo, pesquisando a possibilidade de um envolvimento e só então a pedia em namoro. Via de regra, a moça aceitando o pedido de namoro, apresentava o moço a família e passavam a namorar com o conhecimento da família. Atualmente, as coisas são muito diferentes. Tão diferente, que penso estar em outro planeta que não o terra. A Revista VEJA de 13 de fevereiro de 2013 trouxe uma matéria intitulada “Quer transar comigo?” Antes, transar era algo guardado para o casamento. A moça era ensinada a esperar o rapaz certo. Era ensinado que o sexo é algo que se faz com amor. Hoje, o sexo é tema banalizado. A citada reportagem fala de um aplicativo chamado de “Bang With”, onde o rapaz ou a moça, envia a quem tiver interesse o convite “Quer transar comigo?”. Nos dias atuais, ninguém precisa abordar de forma lenta alguém para conhecê-la, pois é só dar um Google no nome da pessoa e você terá muitas informações sobre a mesma. Hoje, se você aborda uma pessoa e começa a questionar muito sobre essa pessoa, ela provavelmente irá se irritar e dizer “dá um Google no meu nome” e vai saber de tudo o que precisa sobre mim. Errado? Não, apenas diferente.
A doçura das mulheres diminuiu em muito. A gentileza dos homens também ficou menor. O encanto do processo de conhecimento um do outro, quase não existe mais. Com a objetividade, convidando para transar de forma tão clara, o flerte para conseguir avançar o sinal acabou. Eu gostava de como era antes. O processo anterior possuía magia, encanto. O processo atual é mecânico, racional, sem sentimento, sem graça. O amor? Não sei onde ele foi parar com esse processo atual, que prega que o transar não tem nada a ver com o sentir. “É sexo, é apenas sexo. Somos amigos e às vezes transamos. É bom para ambos. Compartilhamos uma necessidade física.” É o que se ouve hoje em dia. O casamento? Até quando ele existirá? A família? Com o andar da carruagem, não sei dizer se ela vai durar muito tempo. A história mudou e muito. O avanço tecnológico nos deu acesso a pessoas do mundo todo. Tem coisas boas? Com certeza que tem. Mas todo avanço possui dois caminhos. Não há como seguir pelos dois. É preciso escolher um. A história demonstra que a humanidade tem escolhido o caminho que corrompe os valores mais preciosos da sociedade. O caminho que derruba valores ensinados por séculos. Um século novo? Sem dúvida. Um século novo com valores distorcidos, corrompidos. Não julgo ninguém, mas não aprovo o caminho que a história da humanidade escolheu percorrer, utilizando para tal o avanço tecnológico. Que o decorrer da história nos mostre o resultado.