segunda-feira, 14 de novembro de 2011



VIDA E MORTE: um mistério que ninguém ainda desvendou

Prescila Alves Pereira


Alguém disse que a vida é uma caixinha de surpresas. De início, essa afirmação parece algo encantador. No entanto, as surpresas da vida nem sempre são de todo agradáveis. Que bom seria se a vida nos trouxesse apenas surpresas de alegria e felicidade. Mas não é assim que funciona. Tenho a sensação de que quando tudo esta indo maravilhosamente bem, a vida te trás algo de trágico, pra lembrar a você de que o céu não é aqui.
Nessa semana que passou, perdi um primo que me era muito querido. Quando éramos crianças, eu e ele caçávamos passarinho por horas. Corríamos por entre as árvores, sentindo sob nossos pés apenas o macio de uma relva verde. No ar, o perfume das flores campestres que fazia o ambiente daquela floresta ficar encantador. Abaixo, o barulho da água que corria no leito de um córrego de forma límpida e suave. Junto com a música de nossas risadas, havia o entoar do canto dos pássaros, que tornava tudo como em um conto de fadas, tamanha era a magia daquelas horas.
Os anos passaram. Cada um seguiu seu caminho. Eu fui morar em outro lugar. Meu primo Cláudio começou a namorar e a viver os encantos de uma vida de jovem daquela idade. Ambos nos perdemos no meio do caminho, deixando pra trás as brincadeiras da inocência. Alcancei muitos sucessos. Meu primo também teve suas conquistas. No entanto, a vida não foi tão generosa para com ele. No meio da estrada, as surpresas da vida lhe trouxeram tristeza, desgostos, mágoas profundas, que lhe feriram a alma, fazendo com que ele se perdesse no meio do caminho e não se encontrasse mais.
Todos que o amavam, muito mais o seu pai, meu querido Tio Luis, fez de tudo para que ele se recuperasse. Mas nada, absolutamente nada foi capaz de resgatar aquele rapaz forte, determinado, saudável de corpo e espírito, que eu, em minha infância tive a alegria de compartilhar com ele momentos de muita descontração e felicidade.
Os anos passaram, de forma cruel. E como em um golpe de misericórdia, depois de passar dias respirando, vivendo pelo auxilio de aparelhos, meu primo partiu em uma viagem sem volta. Sua vida, que há muito tempo, havia se esvaído de dentro de si mesmo, resolveu o espírito deixar o corpo e ir a busca do fôlego, que há muito havia partido.
Em meu interior, as lágrimas despencavam. Embora, não conseguisse deixar que elas arrolassem pela face. Meus olhos tristes e perdidos nas lembranças de nossas traquinagens de infância buscavam um sentido para todo histórico de vida de meu primo querido.
Mas nem sempre encontramos as respostas que procuramos. Nem sempre, as lágrimas podem cicatrizar as feridas que os fatos da vida abrem em nós. Assim, apenas pedi: Pai tem misericórdia de meu primo e concede-lhe o descanso que ele precisa. Difícil? Certamente que o é. Mas o que é a vida senão um sopro do mistério maior que muitos chamam de Deus, mas que ninguém ainda soube explicar.