O CAPITAL INTELECTUAL AGREGANDO VALOR AO ATIVO DAS
ORGANIZAÇÕES
PRESCILA ALVES
PEREIRA FRANCIOLI ANDRÉIA MILESKI ZULIANI
RESUMO:
O conhecimento é tema ancestral nos meios
acadêmicos e apesar de ser de fundamental importância para o funcionamento de
uma organização empresária, ele não era, até bem pouco tempo, mencionado como
fator que agrega valor ao ativo de uma empresa. O objetivo do presente artigo é
esclarecer que elementos compõem o capital intelectual, como esse conhecimento
é adquirido e de que forma ele agrega valor ao ativo de uma empresa. Para tal,
utilizou-se pesquisa bibliográfica, bem como levantamento de dados através de
questionário. Com o levantamento de dados, pode se observar e concluir que o
conhecimento, seja ele científico ou técnico, agrega valor ao ativo de uma
empresa e aumenta a competitividade da mesma no mercado econômico.
PALAVRAS CHAVE: capital intelectual; competitividade; conhecimento;
valor.
1 INTRODUÇÃO
Sendo o capital intelectual uma fonte de
riqueza, antiga, mas novo como objeto de estudo e percepção pela sociedade, indaga
se o empresário possui consciência que o conhecimento possuído por seus
trabalhadores pode agregar valor ao
ativo da empresa e de que forma isso pode ocorrer.
Por certo, acredita-se
que a sociedade empresária não possui consciência desse valor agregado à
estrutura de sua empresa. Com base nessa crença, pretende-se através desse projeto, mostrar ao empresário o conceito de
capital intelectual e qual sua importância, como ativo que agrega valor
aumentando a competitividade de uma organização empresária dentro do mercado
econômico.
Para tal, escolheu-se
uma empresa pequena, que trabalha com treinamento e consultoria na área de
gestão empresarial. A escolha dessa
empresa como recorte empírico de pesquisa justifica-se por ser uma empresa que
necessita de pessoas com conhecimento técnico específico, como diferencial de
competitividade. A amostra se limitará em dois empresários e oito funcionários.
De acordo com Gil (1991, p. 79) “[...] a análise de uma unidade de determinado universo possibilita a
compreensão da generalidade.”
Hoje, o ativo mais
importante de uma empresa é o capital intelectual. No entanto, ainda não se
chegou a um consenso de como administrar esse capital na forma sociológica,
legal, contábil, entre outros. Estudiosos das áreas têm buscado uma solução
eficiente, para demonstrar esse valor abstrato de forma material. Mas, será que
o pequeno empresariado possui consciência desse valor agregado ao seu ativo? Se
o conhecimento agrega valor ao ativo da empresa, importante é que o empresário
tome consciência desse fato, podendo usá-lo a favor de si mesmo em suas
negociações.
2 CAPITAL INTELECTUAL
2.1 CAPITAL INTELECTUAL COMO
CAPITAL ESTRUTURAL
Para Pacheco (2005,
p. 70), “a inteligência humana e os recursos intelectuais constituem
presentemente os ativos mais valiosos da estrutura de qualquer empresa”.
Pacheco entende que
as organizações empresariais ainda não contam com um meio eficaz de mensurar,
administrar dentro das normas trabalhistas, conduzir sociologicamente falando e
contabilizar esse valor tão significativo e que traz muitos benefícios às
mesmas (Pacheco, 2005, pg.76).
Devido a esse
dilema, o capital intelectual tornou-se um dos temas mais debatidos dentro das
ciências que estudam a gestão empresarial, a saber: Contabilidade,
Administração, Direito e Sociologia (Pacheco, 2005, pg.29).
O primeiro desafio
é descobrir uma forma de identificar esse capital, porque não é fácil
identificar de imediato esse valor, por ser valor intangível, implícito em cada
indivíduo da organização. No entendimento de Antunes (1999, p. 2), na visão dos
economistas “o ser humano é considerado capital por possuir capacidade de gerar
bens e serviço, por meio do emprego de sua força de trabalho e do conhecimento,
constituindo-se em importante fonte de cumulação”. Nesse diapasão, se o ser
humano é capital, as demonstrações contábeis estão sendo inverídicas, pois esse
capital não tem sido demonstrado nas mesmas. Devido a essa constatação, algumas
correntes têm discutido o presente tema, defendendo que:
[...] as pessoas passam uma crescente parcela de suas
vidas em processo de formação e treinamento; cada vez mais produtos e serviços
vêm agregados de conhecimento científico e tecnológico; empresas tem se tornado
mais dependentes de competência de diversos tipos e sempre baseadas em
conhecimento, investimentos têm sido direcionados para descobertas de
intangíveis capitalizáveis, e assim por diante (PACHECO, 2005, p.30).
Assim sendo, o conhecimento
do ser humano pode e deve fazer parte do capital estrutural de uma empresa. O
capital humano não pertence à empresa, o que pertence é o capital estrutural,
ou seja, o conhecimento do indivíduo passa a fazer parte da estrutura assim que
é utilizado para a produção dessa empresa, agregando valor ao ativo da mesma.
Na visão de Almeida
(2008, p. 27), se a mensuração do conhecimento é um direito do ser humano,
obviamente as leis trabalhistas precisam ser consultadas, trabalhadas, com base
no princípio da proteção ou princípio tutelar.
Afinal, a partir do momento em que o conhecimento passa a ser um capital
estrutural dentro da empresa, esse conhecimento será avaliado de forma
diferente. Com isso, a norma mais favorável deverá preponderar na hora de estabelecer
os direitos do trabalhador.
Tudo pode ser transformado em mercadoria,
até mesmo o trabalho que é comprado e vendido como uma mercadoria, por que não
o intelecto individual? Pode se trabalhar a conscientização e orientar os
empresários e trabalhadores com referência ao Capital Intelectual, implantando assim uma nova ideologia na
gestão empresarial (Karl Marx,2009, p.02).
Gracioli, Martins, Malhota, Marconi, Marx,
Pacheco que já escreveram sobre capital intelectual concordam que os principais
elementos que compõem o capital intelectual são: capital humano, capital
estrutural e capital de clientes. O capital humano é composto pelo conhecimento
e habilidades dos colaboradores de uma organização, o estrutural por tudo que
compõe a estrutura da empresa e de clientes tudo que está relacionado a obter e
manter os clientes de uma empresa e para
uma
gestão eficaz do capital intelectual, torna-se fundamental não somente sua
identificação e estruturação, mas também sua mensuração, procurando identificar
mais objetivamente a relação entre o capital intelectual com a performance da
organização. (GRACIOLI, 2005, p. 63).
A performance de uma empresa está diretamente ligada ao capital
intelectual que a mesma possui, ao conhecimento de seus colaboradores, aumentando
ou diminuindo sua competitividade no mercado.
2.2 ALGUNS ELEMENTOS DO CAPITAL INTELECTUAL
Afirmar que o capital intelectual é o conhecimento é uma atitude
simplista demais, uma vez que o conhecimento é um tema ancestral e extremamente
amplo em suas várias formas de ser. A novidade está no reconhecimento de que
esse adjetivo agrega valor ao ativo de uma empresa, tornando-a mais
competitiva. De nada adianta uma empresa investir em tecnologia se não houver
pessoas capacitadas para operar essas máquinas tecnologicamente avançadas. A
ciência depende do conhecimento do homem para poder evoluir e está comprovado
na história da humanidade. O conhecimento é algo que não pode ser taxativo, uma
vez que existem várias formas de conhecimento. Assim sendo, o capital intelectual,
sendo conceituado como conhecimento, necessário é enumerar ao menos alguns
elementos que o compõem. Graciolli, na tabela abaixo, enumera alguns desses
elementos:
CAPITAL
INTELECTUAL
|
Capital humano
|
Capital estrutural
|
Capital de clientes
|
Liderança
|
Investimentos em novos métodos
|
Aumento de negócios
|
Eficiência e eficácia
|
Investimentos em tecnologia
|
Conquista de novos clientes
|
Participação
|
Tempo no mercado
|
Clientes satisfeitos
|
Criatividade
|
Implementação de sugestões
|
Crescimento das vendas
|
Iniciativa
|
Lançamento de produtos
|
Reputação da empresa
|
Experiência
|
Rápida entrega de produtos
|
Conhecimento da marca no mercado
|
Escolaridade
|
Redução de desperdícios
|
Parceria entre clientes e
fornecedores
|
Retenção
|
Diminuição de reclamação clientes
|
Identificação das necessidades dos
clientes
|
Treinamento
|
Redução de defeitos
|
Repetição de pedidos
|
Trabalho em equipe
|
Investimento em pesquisa
|
Reconhecimento do esforço dos
funcionários
|
Competência
|
Novas idéias
|
|
Comprometimento
|
Automação
|
|
Confiança
|
Sistema de informação
|
|
Pró-atividade
|
Filosofia
|
|
Inovação
|
Incentivadora e participativa
|
|
Conhecimento
|
Despesas Administrativa
|
|
Hbilidade
|
Comunicação
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Clima
|
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|
Organizacional
|
|
Motivação
|
|
Rotatividade
|
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Fonte: GRACIOLLI, 2005, p.62
|
|
Pela observação da tabela acima, pode se observar que o capital
intelectual, ou humano, não se restringe ao conhecimento adquirido em um banco
escolar, mas também na experiência obtida ao longo da vida, a atitudes que
fazem parte do perfil da pessoa, como a iniciativa, a motivação, o trabalho em equipe. Com base
nisso, conclui-se que há capital intelectual que adquirimos buscando por ele,
de forma científica ou através de experiências e há outros que nascemos com ele
na personalidade. Pela tabela, fica visível que o capital humano faz parte do
capital estrutural da empresa e serve de elo para aumentar o capital de
clientes. Todo o conhecimento, seja científico ou técnico/empírico agrega valor e aumenta a reputação e a competitividade
de uma organização empresária no mercado.
2.3 O CONHECIMENTO COMO VANTAGEM COMPETITIVA
Martins (2004) aponta algumas vantagens da mensuração do capital
intelectual como:
aumento
no potencial informativo da Contabilidade; redimensionamento patrimonial da
empresa (clareza e adequação); canalização correta dos recursos para
investimentos em capital humano e capital estrutural; facilitar a escolha do
investidor; determinar de que maneira uma melhor gestão do conhecimento ajudará
a empresa a ganhar ou a economizar dinheiro e ainda, evitar danos e injustiças
que uma avaliação patrimonial incorreta traz, gerando lucros ou prejuízos
indevidos. (Martins, 2004 apud
GRACIOLI, 2005, p. 45).
Com base na citação acima é possível afirmar que a empresa que tem conhecimento de
seu capital intelectual é uma empresa com maior competitividade dentro do
mercado.
Conforme Gracioli (2005, p. 47-56), “até o presente
momento tem-se conhecimento de onze métodos desenvolvidos para mensurar o
Capital intelectual”. O método Technology
Broker desenvolvido por Annie
Brooking, o qual utilizamos para o estudo de caso desse artigo, consiste na
aplicação de um questionário dentro da empresa, através do qual busca obter
informações do conhecimento dos colaboradores contidos dentro da empresa e com tais
informações pode se quantificar o capital intelectual por meio de formulações Brooking(1996
apud Gracioli, 2005, p. 51). A
aplicação de um questionário permite que o empresário tenha conhecimento de
dados que não se fazem visíveis nos balancetes da empresa e, muitas vezes, nem
mesmo através do convívio do dia a dia. Com essas informações, o empresário
pode trocar funcionários de setores, fazendo com que habilidades melhor
aproveitadas e consequentemente aumentada a competitividade da empresa dentro
do mercado. Da análise dos onze métodos, percebe-se que nenhum deles
conseguiu estabelecer uma estrutura, uma atribuição de valor que pudesse ser
representada em um balancete. No entanto, Gracioli, Martins, Malhota, Marconi,
Marx, Pacheco são unânimes em afirmar que o capital intelectual agrega valor à
estrutura da empresa, bem como aumenta a competitividade. No entendimento de
Gracioli (2005, p. 57), “a definição dos índices de capital intelectual deve
ser feita caso a caso, de acordo com a empresa, sua estratégia e suas
particularidades.” Nesse sentido,
através da aplicação do questionário, método escolhido para essa pesquisa, que
está demonstrado no item 3, na empresa caracterizada no item 4, conclui-se que para cada tipo de negócio se
faz necessário atribuir um índice de valor para o conhecimento de cada
indivíduo. Afinal, cada tipo de
conhecimento, seja ele técnico ou científico possui o seu próprio valor e não
há como fixar apenas um valor para os muitos conhecimentos que existem. O que
gera a vantagem competitiva, é a soma do conhecimento de todos os
colaboradores, uma vez que o conhecimento agrega valor ao ativo de uma
organização empresarial.
3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
A presente
pesquisa quanto aos procedimentos de coleta caracteriza-se por estudo de caso na
qual:
o delineamento se fundamenta na idéia de que a
análise de uma unidade de determinado universo possibilita a compreensão da
generalidade do mesmo ou, pelo menos, o estabelecimento de bases para uma
investigação posterior, mais sistemática e precisa (GIL, 1991, p. 79).
Assim sendo, a presente pesquisa buscou estudar uma
parte, objetivando compreender o todo para aumentar a competitividade de
empresas que trabalham com a capacitação e consultoria na área de gestão
empresarial.Para tanto, este estudo de caso foi realizado em
uma empresa com ramo de atividade na área de capacitação e consultoria em
gestão empresarial. Portanto, uma análise de caso é:
Uma pesquisa empírica que
investiga um fenômeno contemporâneo no seu contexto real, quando as fronteiras
entre o fenômeno e o contexto não se encontram nitidamente definidas e em que
diversas fontes de informação são utilizadas (YIN, 1989, p. 23).
Quanto aos objetivos, este estudo é exploratório,
pois visa investigar, buscando através de questionamentos estimular a
compreensão da importância do capital intelectual dentro de uma organização
empresária, como ferramenta de competitividade no mercado econômico. As pesquisas
exploratórias, segundo Gil (1999, p. 43), buscam proporcionar uma visão geral
de um determinado fato, do tipo aproximativo. Assim sendo, a presente pesquisa,
busca compreender a visão geral da importância do capital intelectual como
estratégia de competitividade e aproximação de futuros clientes em potencial. Com relação às
fontes de informação utilizou-se também a pesquisa bibliográfica, que permite ao
pesquisador ter um contato direto com o que já foi estudado sobre o tema, uma
vez que este tipo de busca compreende “toda bibliografia já tornada pública em
relação ao tema de estudo, publicações em jornais, revistas, livros, pesquisas,
monografias, teses, entre outros” (Malhota 2004 apud GRACIOLI, 2005, p. 59). No entendimento de Lakatos:
a pesquisa bibliográfica permite compreender que, se de um lado a
resolução de um problema pode ser obtida através dela, por outro, tanto a
pesquisa de laboratório quanto à de campo (documentação direta) exigem, como
premissa, o levantamento do estudo da questão que se propõe a analisar e
solucionar. A pesquisa bibliográfica pode, portanto, ser considerada também
como o primeiro passo de toda pesquisa científica (LAKATOS,1992, p. 44)
A pesquisa
bibliográfica fundamenta os problemas levantados na pesquisa científica e
proporciona meios para a busca de solução desses problemas e, maior
aprofundamento em trabalhos posteriores.
E quanto à
natureza dos dados, a pesquisa é quantitativa e qualitativa. É quantitativa
porque busca a pesquisa de opinião através de um questionário aplicado às
pessoas da empresa caracterizada.
Já, a pesquisa qualitativa, na visão de Kirk e
Miller (1986), compromete-se com o
trabalho de campo e não com levantamentos numéricos, a compreender uma
realidade empírica que se coloca diante do pesquisador, a saber:
Suas diversas expressões
incluem a indução analítica, a análise de conteúdo, semiótica, hermenêutica,
entrevista com a elite, o estudo de histórias de vida, e certas manipulações
utilizando arquivos, computador e manipulação estatística (KIRK & MILLER,
1986, p. 10).
O instrumento de pesquisa para o estudo de caso foi
um questionário composto por 17 (dezessete) questões aplicado a uma amostra de
8 pessoas, com o objetivo de analisar o conhecimento de tais indivíduos em
relação à importância do capital intelectual dentro de uma organização
empresária, bem como ter uma noção se o conhecimento auxilia ou não na
competitividade de uma empresa, com o intuito de obter uma noção de até onde há
consciência do empresário e colaboradores sobre a importância desse ativo, o
capital intelectual, e sua influência no desempenho de uma empresa, aumentando
sua competitividade no mercado econômico. A escolha dessa empresa como recorte empírico de pesquisa justifica-se
por ser uma organização que necessita de pessoas com conhecimento técnico e
científico, como diferencial de competitividade.
4 CARACTERIZAÇÃO DA EMPRESA
A pesquisa foi realizada na empresa Consultoria e Capacitação Empresarial
JP Ltda, situada
na Av: Comendador Norberto
Marcondes, 1393 – Centro – Campo Mourão/PR. A empresa deu início às suas atividades no ano
de 1999, no mês de julho, tendo como objetivo prestar serviços apenas na área
contábil. Com o passar dos anos, foi havendo demanda em outros setores, como
consultoria de viabilidade econômica de um negócio, gestão de negócio, workshop, oficinas e palestras nas mais
diversas áreas de gestão empresarial, perícia contábil, entre outros serviços.
O foco principal da empresa são os empresários, desde o pequeno até o
grande empresário. No entanto, são realizados vários atendimentos para pessoas
físicas também, na área de orientação financeira, previdência social, imposto
de renda pessoa física, cálculos trabalhistas.
Os principais concorrentes da empresa são os escritórios de contabilidade
que muitas vezes oferecem um serviço com preço abaixo da tabela de mercado.
A estrutura organizacional conta com um quadro funcional de oito
funcionários e dois sócios, tendo como fundadora uma mulher, que foi a primeira
a fundar uma empresa desse gênero no município de Campo Mourão/PR. A equipe é
constituída por profissionais em sua maioria com curso superior em Ciências Contábeis,
bem como estudantes de graduação.
5 ANÁLISE DOS
RESULTADOS E DISCUSSÃO
A coleta de informações na amostra serviu para ter uma idéia da
consciência a respeito da importância do capital intelectual dentro de uma
organização empresária, bem como do valor que cada tipo de conhecimento tem
dentro de uma organização, seja ele técnico ou científico. Embora a amostra
seja pequena, o tamanho da empresa para a coleta representa a maioria no Brasil,
ou seja, empresas de pequeno porte. O uso do questionário é importante para
apurar a opinião do grupo envolvido no que diz respeito ao problema levantado
na pesquisa em questão.
Nunes(1991, p.54) afirma que:
O caráter específico da produção de conhecimento [...] está relacionado
a um dado que, embora não mensurável, guarda, em si, uma idéia de quantidade: a
interpretação. Nunca chegamos ao fato bruto. Trabalhamos sempre com
interpretações de interpretações de interpretações.
O conhecimento humano é uma
questão que trabalha com interpretações de interpretações. Na aplicação do
questionário, conforme mencionado no tópico 3, obteve-se os seguintes
resultados:
Amostra de oito pessoas,
sendo um do sexo feminino e sete masculino. Quanto à escolaridade, um com curso
superior em Ciências
Contábeis, Direito e Matemática e especialização em Gestão Empresarial,
um com curso superior em
Ciências Contábeis e seis com curso superior incompleto,
sendo quatro em
Ciências Contábeis e dois em Administração. Ao
que se refere à idade, dois com vinte, um com vinte e três, um com vinte e
quatro, um com vinte e cinco, um com vinte e oito, um com trinta e oito e um
com quarenta e três anos. O tempo de serviço de dois é de quinze anos, de
outros dois é de seis anos, de três é de quatro anos e de um é de seis meses.
Ao serem questionados se já
haviam sido promovidos no trabalho, três responderam que haviam sido promovidos
mais de uma vez, dois que haviam sido promovidos uma vez e três que não haviam
sido promovidos nenhuma vez.
Questionados se a promoção
havia trazido aumento ao salário, quatro responderam que haviam recebido trinta
por cento de aumento no salário e um cinquenta por cento. Perguntou se a
escolaridade havia contribuído de alguma forma para a promoção, três
responderam que sim, o fato de terem se aperfeiçoado academicamente tinha
contribuído para serem promovidos. Dois responderam que o que tinha contribuído
mais para a promoção foi o fato de terem experiência no setor para o qual tinha
sido promovido e que o conhecimento acadêmico ajudara, mas não tinha sido o
fator determinante da promoção.
Ao serem indagados se tinham conhecimento do
que era capital intelectual, dois responderam que sabiam que o capital
intelectual era o conhecimento científico de uma pessoa. Dois responderam que
além do conhecimento científico, a experiência e a capacidade técnica também
eram consideradas capital intelectual e quatro responderam que não faziam idéia
do que seria capital intelectual. Ao que se refere à importância do capital
intelectual como fator de aumento da competitividade dentro de uma organização
empresária, dois afirmaram saber que o conhecimento científico teria como
resultado um produto/serviço mais eficiente, mas que não tinham consciência de
que outros fatores, como a iniciativa, a motivação pudessem aumentar a
competitividade de uma empresa. Seis responderam saber que o conhecimento
traria como resultado melhores salários, mas não imaginavam que ampliaria a
competitividade da empresa no mercado econômico. Ao serem questionados se tinham
consciência de que o capital intelectual fazia parte do capital estrutural da
empresa, todos afirmaram não terem idéia do que seria isso.
Ao serem questionados se o
conhecimento deles já havia colaborado com a resolução de problemas dentro da
empresa, um colaborador afirmou que o conhecimento de
cálculos através do programa excell
tem auxiliado na montagem de planilhas tributárias e isso resultou em uma
promoção e outro revelou que seu
conhecimento em oratória, marketing e vendas resultou em mais um segmento de
atividades dentro da empresa, gerando lucro através de palestras e
treinamentos. Dois dos entrevistados, que são os donos da empresa em questão,
ao serem indagados se as mudanças sugeridas pelos colaboradores são
implementadas, responderam que as sugestões são analisadas e percebendo que
elas trazem benefícios para a empresa como um todo, as mesmas são implantadas.
Os empresários sendo questionados se a empresa investe em capacitação técnica
de seu pessoal, afirmaram que sim, a empresa procura investir em treinamento de
acordo com a área em que o colaborador atua. Com essa afirmação, questionou se
o investimento em treinamento trazia retorno financeiro para a empresa, ao que
os empresários afirmaram que a partir do momento que passou a investir em
treinamento e atualização, a clientela da empresa aumentou e consequentemente o
lucro também teve aumento significativo.
Perguntou se
algum cliente já havia solicitado o curriculum
vitae do colaborador que ia desenvolver o trabalho, ao que os empresários
responderam que sim, vários clientes já haviam solicitado o curriculum vitae do colaborador que ia
desenvolver o trabalho que o cliente havia contratado e que já havia ocorrido
de ter que trocar o colaborador por o cliente exigir uma capacitação técnica que
o funcionário designado não possuía. Indagados se a capacitação técnica
diminuiu as despesas com gastos administrativos, responderam que com a capacitação técnica, as despesas com
material diminuiu, uma vez que o
colaborador passou a ter maior consciência de seu papel como agente
transformador dentro da organização. Questionados se os benefícios versus gastos com a capacitação são
maiores ou menores, ao que responderam que os gastos com a capacitação é um
investimento, uma vez que seu retorno é visível, tanto em termos de lucro
financeiro, como em organização e eficácia, aumentando a competitividade da
empresa.
Para concluir o
questionamento, perguntou se depois que
passou a investir em conhecimento, que é capital intelectual, após um período
de seis meses, evidenciou-se que o
conhecimento aumenta a competitividade da empresa, ao que foi respondido que
antes de aceitar o desafio de investir em capacitação, acreditavam que pagar
cursos era um gasto desnecessário e sem retorno. Feita a experiência por seis
meses investindo em capacitação, percebeu-se que a clientela aumentou, os
colaboradores passaram a trabalhar com maior segurança e profissionalismo, o
retorno financeiro teve aumento significativo, numa média de setenta por cento.
CONCLUSÃO:
O presente artigo que buscou questionar a
experiência de vida dos que responderam as questões, bem como a compreensão do
tema em questão, verificou que possuem conhecimento mínimo do que seja capital
intelectual e que importância o tema tem para a gestão de uma organização
empresária.
Com a
pequena amostra e questionamento realizado, concluiu-se que a clientela está
cada vez mais exigente e investir em conhecimento é necessário e essencial para
a sobrevivência de uma organização empresarial em um mercado cada vez mais
competitivo, independente da área em que se atua. Observou-se, que o
capital intelectual não se restringe ao conhecimento acadêmico, mas também ao
conhecimento adquirido através das experiências ao longo da vida, bem como a
comportamentos que fazem parte da própria personalidade de uma pessoa, como
iniciativa, motivação, confiança, criatividade, facilidade em trabalhar em equipe. De acordo com
os autores citados no decorrer do artigo, verificou-se que o conhecimento,
apesar de ser um tema ancestral, só recentemente tem sido considerado e
analisado como fator que aumenta a competitividade de uma empresa e conseqüentemente,
agrega valor ao seu ativo. Verificou-se que os empresários, em sua maioria, não
possuem consciência, de que investindo no fator conhecimento de seus
colaboradores, aumenta a competitividade de sua empresa no mercado econômico e
como conseqüência aumenta o lucro no final do mês.
Assim sendo,
conclui-se que o conhecimento, seja ele científico, técnico, ou adquirido por
meio da prática, é capital que agrega valor ao ativo das organizações
empresárias e aumenta a competitividade no mercado econômico.
REFERÊNCIAS:
PARANÁ, Cesumar.
Princípios Gerais para a
Elaboração e Apresentação de Trabalhos Acadêmicos e Científicos do Cesumar, 2007,
40p.
YIN, Robert
K. Case Study Research: Design and
Methods. Newbury Park, CA, Sage Publications, 1989.