A COMPETÊNCIA DA MULHER EM MEIO AO CAOS
Prescila Pereira
Desde os primórdios da
existência, a mulher tem sido assunto em todos os folhetins que se preze. Nos
dias atuais, a mulher é Presidente da República, há mulheres ocupando os mais
altos cargos executivos, há mulheres sendo Presidente de Sindicatos, onde
outrora, apenas homens freqüentavam as reuniões. Obviamente, a mulher tem sido
destaque notável em todo o mundo. Cabe a nós, mulheres perguntarmos, a que
preço? A história relata fatos que impressionam, como o 8 de março, quando
muitas mulheres morreram queimadas lutando por seus direitos. Mas, a luta da
mulher terminou? Já alcançamos o reconhecimento e os mesmos direitos defendido
pela Constituição de 88? A luta e inteligência da mulher estiveram sempre
presente na história da humanidade, conforme demonstra a história. De acordo
com registros históricos, pouco antes da descoberta
do fogo, devido ao frio intenso, as mulheres perceberam que da pele curtida dos
animais era possível fazer roupas. Com a descoberta do fogo, o homem passou a
buscar uma função definida, ou uma identidade, também para si. É provável que,
nessa época, tenha surgido a divisão sexual do trabalho, isto é, as mulheres
cuidavam de hortas (horticultura simples) e faziam cerâmicas (arte), enquanto
os homens caçavam. Podemos notar
que, nessas sociedades, a mulher já passou a trabalhar mais do que o homem, ou
seja, a mulher passou a ter menos tempo livre do que o homem. Já se vislumbra o
surgimento da dupla jornada para a mulher, pois, além de se preocupar com
procriação e a alimentação, tinha que se preocupar também com as cerâmicas.
Os fatos
demonstram que vencemos muitas batalhas, mas ainda não vencemos a guerra. Os
nossos modos de vida, nossos sentimentos, nosso saber, tudo que nos envolve é
moldado como produto de consumo. Quando precisam de mais filhos, mulheres devem
ficar em casa. Quando
fazem filhos demais, legalizam o aborto. Quando precisam reduzir salários,
mulheres vão para o mercado de trabalho. E quando a criminalidade se instala
entre a juventude, a mãe não é presente. A mulher tem sido o bode expiatório da
história. A mulher tem sido a culpada em meio ao caos, enquanto o homem leva o
troféu de todas as coisas boas que acontece. A mulher ainda é vítima constante
de assédio sexual no ambiente de trabalho. Em muitas reuniões os homens deixam
de discutir determinados temas por haver uma mulher presente.
Muito se
ouve das próprias mulheres que a vida de uma executiva é glamorosa e cheia de
desafios. Cheia de desafios sim, glamorosa, nem tanto. A mulher executiva vive
num mundo de stress, onde tem que delegar funções para colaboradores que na
maioria são homens, e para se fazer respeitar, muitas vezes precisa passar a
vida sem sorrir. A mulher que trabalha fora, mesmo tendo uma boa ajudante que a
auxilia nos afazeres domésticos, ao chegar em casa, sempre haverá o filho que
tem tarefa de escola pra fazer, um jantar, um eletrodoméstico quebrado pela
funcionária que não cuida das coisas como deve se cuidar. Em meio ao caos,
somos escravas de um mundo cada vez mais opressor. Em meio ao caos econômico e
político, somos a idéia que salva a pátria, mas não a voz que leva o
reconhecimento. Em meio ao caos, somos o produto, que através da beleza
feminina serve para propagar e vender. Liberação feminina? Onde? Vivemos numa
jornada tripla, quádruplas e cada vez mais assoberbadas. Cada vez mais
pressionadas para produzirmos e com salário sempre menor que um trabalhador
homem e ainda por cima, temos que permanecer com a aparência impecável. Em meio
ao caos, somos o abraço que acalenta e seca as lágrimas, o sorriso que propaga
esperança. Em meio aos caos somos a competência que faz a diferença, mas onde
está nosso verdadeiro sossego?
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